O conto da Aia, Margaret Atwood



Sinopse: "Escrito em 1985, o romance distópico O conto da aia, da canadense Margaret Atwood, tornou-se um dos livros mais comentados em todo o mundo nos últimos meses, voltando a ocupar posição de destaque nas listas do mais vendidos em diversos países. Além de ter inspirado a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original) produzida pelo canal de streaming Hulu, o a ficção futurista de Atwood, ambientada num Estado teocrático e totalitário em que as mulheres são vítimas preferenciais de opressão, tornando-se propriedade do governo, e o fundamentalismo se fortalece como força política, ganhou status de oráculo dos EUA da era Trump. Em meio a todo este burburinho, O conto da aia volta às prateleiras com nova capa, assinada pelo artista Laurindo Feliciano."


O Conto da Aia entrou na minha lista após eu ter lido Vox (Christina Dalcher) e ter visto muita gente comparando os dois livros, afinal, ambos tratam sociedades onde a mulher não tem voz ou independência, mas ainda sim são muito distantes um do outro. Inclusive eu prefiro o conto da aia em muitos quesitos. Apesar de escrito em 1985, o enredo chega ser desesperador, angustiante, por ser também tão atual. A possibilidade de nos transformarmos em uma ditadura patriarcal teocrática não é, infelizmente, nula ainda em 2019. Esse é o soco no estômago que a autora dos disfere do começo ao fim do livro.

Em decorrência dos efeitos colaterais da guerra, poluição e outros fatores, muitas mulheres se tornaram inférteis e, portanto, a taxa de natalidade sofreu uma grande queda. O novo governo de Gilead, então, passou a "recrutar" (lê-se sequestrar, torturar, manter em cativeiro e obrigar) as mulheres ainda capazes de conceber para torná-las Aias, cuja função designada era gerar filhos para os governantes e suas Esposas, que não podem mais ser mães. E ainda existem as Marthas, que são as cozinheiras e empregadas destas "famílias". Cada uma delas é identificada pela cor de suas vestimentas (vermelho, azul e verde) dentro desta sociedade.

Offred é uma aia, e está em sua segunda tentativa de conceber um filho para um dos governantes de Gilead, desta vez em uma nova família, e é através de seu ponto de vista que iremos acompanhar a história toda. O livro alterna entre passado e presente, sem marcações ou avisos nos capítulos, então no começo tende a ser um pouco confuso, mas logo o leitor se acostuma. No passado, vemos a vida de June antes da ascensão do novo governo, seu relacionamento e também as cenas em que tudo começou a ruir em sua vida. No presente ela já é uma aia e conta sobre o seu dia-a-dia, os costumes e as leis de forma bem didática.

A narrativa tem um ritmo lento, afinal a autora precisa introduzir todo o universo que ela criou e nos apresentar os personagens, mas cria uma tensão que deixa o leitor o tempo todo aflito e com medo do que está por vir. A sensação de que a qualquer momento tudo pode desmoronar é o que nos prende na leitura e nos relatos de June. Já na metade do livro eu sabia que seria, sem dúvidas, minha melhor leitura deste ano. Como de fato foi.

O papel das mulheres na sociedade, dividida entre Esposas, Marthas e Aias me fez refletir sobre muita coisa, como a maternidade compulsória, a socialização da mulher, a feminilidade e vários outros temas que o livro aborda. O conto da aia acertou onde a maioria costuma errar: trouxe personagens reais, interessantes, com objetivos e sonhos verdadeiros e sem o futurismo exagerado que se vê em muitos romances distópicos. Toda mulher deveria ter a oportunidade de ler este livro (homens o que tenho a ver?), pra que a história não se repita, pra que a vida da mulher não seja cíclica. Pra que possamos vencer. 

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